domingo, 4 de agosto de 2013

De malas aviadas



9 e 10 de Janeiro



O tempo não era muito, havia que ser eficazes, não tínhamos outra solução. Portanto, seguindo as plaquinhas amarelas, escutando os anúncios sonoros iguais em todo o lado e cumprindo com todas as normas de tempo e segurança da “era moderna”, lá fomos nós de avião até ao nosso destino. Com direito a escala de umas horas em Santiago do Chile, só para confundir um bocadinho mais a alma, que já começara a viajar para o sul antes deste desvio para oeste.




Quem chega a estas terras não chega por acaso. E é um mistério interessante, um jogo mental engraçado, tentar pensar o que leva cada uma das pessoas com que nos cruzamos a ter decidido viver por estas latitudes.

Nós não tínhamos intenções de ficar por cá a viver, mas tal como os que cá vivem, também não chegámos por acaso. Chegámos despertos pelas histórias, pelos relatos e comentários dos que em algum momento chegaram a este cantinho esquecido. Chegámos curiosos por conhecer as pessoas, por ver as paisagens e percebemos mais tarde...chegámos curiosos de sentir este lugar.



Punta Arenas foi o ponto de chegada e por sua vez, o ponto de partida para os 300km de estrada até ao Parque Nacional Torres del Paine. Depois obviamente de uma noite bem dormida num pequeno hostel e de uma paragem estratégica para abastecer de mantimentos para os próximos dias.



A distância que em Portugal levaria 2h30 a fazer, suponho que nos tenha levado por volta de 4h, mas na verdade nem tenho muito bem a certeza, ninguém estava agarrado ao relógio para me poder responder. Fomos ao ritmo que escolhemos para a viagem. Fomos ao ritmo que o caminho nos levava.



A estrada de Punta Arenas a Puerto Natales é de alcatrão e serviu para nos começarmos a aperceber  quão inóspita é toda esta zona. Kilometros de nada, de suaves curvas, de subidas e descidas ligeiras, de paragens de autocarro demonstrativas do clima da zona, árvores curvadas pelo vento umas ao lado das outras, todas elas “deitadas” para o mesmo lado.

Passámos por Puerto Natales mas não parámos (em princípio ficaríamos por lá um dia ou dois ao voltar do parque), seguimos directos para armar acampamento e poder no dia seguinte acordar já dentro do parque. Mas para que isso acontecesse ainda tínhamos de fazer os últimos 90km de terra batida, entrar no parque, armar tendas e jantar, para finalmente poder testar os sacos cama.

Já seguindo terra batida fora, com a linda paisagem da costa recortada de Puerto Natales atrás de nós, fomos aproximando-nos de mansinho até que...ao longe, se começaram a deixar ver os Cuernos del Paine. Inconfundíveis, mesmo à distância e sendo vistos ao vivo pela primeira vez.



Por fim, depois de várias exclamações, depois de receber mapas e recomendações, depois de várias fotos e olhares...era verdade!






Fomos até ao primeiro parque de campismo onde queríamos ficar e lá nos instalámos, perplexos pela qualidade do parque. Balneários impecáveis, zonas de acampamento marcadas, separadas umas das outras naturalmente por árvores ou outros elementos, cada zona de acampamento com uma estrutura estilo “paragem de autocarro” fechada de 2 ou 3 lados, para proteger da chuva e do vento e uma mesa de madeira com bancos corridos de cada lado. Basicamente, estávamos num parque de campismo numa zona tão remota como esta mas que estava melhor equipado e mais bem cuidado que a grande maioria dos parques que já visitei.

Tendas montadas, bem agasalhados, com uma sopinha quentinha nas mãos e o resto de frango assado do almoço a pedir para ser comido, lá nos sentámos à mesa a conversar com a desculpa de ter que decidir que rumo seguir no dia seguinte.



Saludos y besos

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