segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Capítulo 2 - Con suerte, sin neblina e con el viento en favor

Lá estávamos nós em Bahia Blanca prontos a preencher o espaço em branco no nosso itenerário. Tinhamos que chegar a Viedma mas os horários de autocarro não eram nada convidativos (implicavam sempre, ou chegar a Viedma às 2 e 3 da manhã, ou sair de Bahia Blanca entre as 5 e as 6:30 da manhã). Ao chegar ao centro da cidade lá tentámos descobrir qual seria a melhor forma de seguir a nossa viagem, sendo agradávelmente surpreendidos pela boa notícia que apesar de não haver mais opções de autocarro para Viedma, podíamos seguir nessa mesma tarde de autocarro para Carmen de Patagones, a cidade que ficava precisamente do outro lado do rio de Viedma. 
Como devem imaginar, não pensámos duas vezes, compramos os nossos bilhetes fomos tomar um belo pequeno almoço (poupar nas viagens, nas dormidas, nas sandes do almoço, no que fosse...mas os pequenos almoços eram sempre para nos deixar prontos para todo o dia!).
Chegados a Viedma às 5 da tarde e com a partida marcada para a tarde seguinte às 4, tempo de descançar, tomar banho e recarregar baterias.
À medida que chegávamos mais perto da hora de partida do comboio sentiamos um nervosinho miudinho a crescer dentro de nós, afinal de contas, estávamos prestes a fazer um dos percursos ferroviários mais emblemáticos do mundo. 

Estávamos prestes a andar no "Tren Patagónico", uma linha que teve uma importância preponderante na economia Argentina, servindo para transportar tudo o que era produzido no interior do país (principalmente gado ovino e bovino) até aos portos marítimos a sul de Buenos Aires.

Tinhamos ouvido de tudo sobre este percurso, relatos diferentes uns dos outros, mas todos eles com um elo comum, a garantia que a viagem ficaria na nossa memória por muitos anos.

Depois do comboio no qual viajámos no dia anterior, estávamos à espera de um comboio bem velhinho, onde se sentisse a passagem dos anos. Na verdade, o comboio tem os seus anos, mas está muito bem cuidado e desenhado precisamente para fazer um percurso de 1200km a passo lento. Os funcionários pareciam escolhidos a dedo, simpáticos e prontos a ajudar, o interior do comboio a brilhar, com bancos individuais, bem reclináveis, com apoios para as pernas e espaço suficiente para as esticar sem sequer chegar perto de tocar com os pés no banco da frente.

A primeira hora foi passada com os dois a olhar pela janela, de boca aberta, maravilhados pela paisagem (um quase deserto) e marcado por termos visto um guanaco pela primeira vez. Seguiram-se algumas paragens nas terrinhas por onde fomos passando.

Paragem de 40min em San Antonio Oeste para reabastecimento da locomotora, o que nos possibilitou um mate ao por do Sol. Despois lá seguimos a viagem já com a noite a começar a cair. Ora como já se está a fazer de noite, hora de passar um dos funcionários da carruagem-restaurante a perguntar quem quer jantar, a tomar nota do pedido de cada um (tinham 3 pratos à escolha parece-me) e a informar a cada um o turno em que deverá ir jantar.


Meia-noite, hora de apagar as luzes e fazer silêncio, as conversas essas podem ficar em "standby" até à manhã seguinte.

6 da manhã e ao olhar pela janela já se vêm mudanças drásticas na paisagem. Começamos a ver verde e a ter montes no horizonte, uns kms mais e começamos a ter penhascos a cada lado da linha do comboio. Realmente o percurso desta linha férrea é impressionante. Serpenteamos pelo meio destas imponentes paredes e por fim, ao chegar à outra ponta um mar de verde e os primeiros picos nevados a aparecer no horizonte. Simplesmente espectacular.

Como se tudo isto não fosse suficiente para uma viagem épica, ainda faltava chegar a Bariloche, com flores em casa esquina, um lago cristalino à frente e picos nevados a completar o quadro.


 Realmente a natureza encargar-se-á sempre de nos fazer sentir pequeninos.

Saludos y besos

2 comentários:

  1. Hehe, portanto Bariloche continua tão lindo como sempre nos contaram... ;)
    Continuem a contar as aventuras, e espero que os meses que ainda têm para gozar por essas bandas vos tragam muitos mais sorrisos como os da última foto!

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  2. venham mais historias!

    e isso, só em jeito de partilha, fez-me querer estar aí com vocês, quem sabe?

    grande abraço e beijos

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