terça-feira, 17 de setembro de 2013

Um pequeno aparte

Por algum motivo que não sei explicar, parece-me que deixei um pouco de lado uma das coisas que mais prazer me deu nestes dias. O entardecer tranquilo e relaxado que tínhamos junto às tendas.

Por vezes esquecemo-nos como as coisas mais simples são aquelas que têm mais valor. Não são precisos ecrâs 3D de 50 pulgadas, carros do último modelo, aqueles ténis que custam o que gastamos em comida num mês inteiro. Cada vez mais me convenço do mesmo, é como dizia o outro, só precisamos mesmo é de “amor e uma cabana!”.



Que podia ter mais valor para nós que um fim de dia sentados numa mesa de madeira, céu alaranjado, cházinho (ou mate) na mão, todos juntos, a jogar às cartas, a conversar a ler ou a tomar notas do que tinhamos vivido nesse dia? Que podiamos valorizar mais que essas horas entre chegar às tendas e ir dormir?
Todos sabem que gosto de cozinhar, gosto de ter a “minha” cozinha onde ninguém me chateia nem me pregunta o que podem fazer. O que talvez nem todos saibam é que uma das cozinhas que mais gosto é uma “especial one”, que posso levar comigo! Um conjunto de panelas de campismo que lá dentro têm um pouco de tudo. Um bocadinho de cada segredo que vou aprendendo ao cozinhar em viagem. Ou seja, essa cozinha tem la dentro um pouco de cada viagem que já fiz e de cada pessoa com quem me cruzei.
Não o digo para ser poético, digo-o porque é a mais pura das verdades. O que levava comigo quando comecei a viajar e a cozinhar já pouco tem em comum com o que levo hoje em dia. Tenho aprendido essêncialmente de duas maneiras: através de coisas que me foram saindo bem ou mal e através de contacto com todos os “cozinheiros viajantes” com que me cruzei (ou seja, copiar os bons exemplos!).
Aprendi que enlatados pesam demasiado quando é preciso carregalos às costas; aprendi que um saquinho de soja não pesa nem ocupa espaço e faz comida para um batalhão; aprendi que uma boa base de especiarias e caldos (Knnor ou outros do estilo) fazem com que a mesma massa ou arroz pareçam pratos diferentes; aprendi que uma caneca de sopa instantanea ou simplesmente um chá, fazem com que todos fiquem mais descansados, aconchegados e quentinhos enquanto esperam pelo jantar. Estas são um pequeno exemplo das mil e uma coisas que tenho aprendido ao cozinhar numa “cozinha portátil” ou em cozinhas de hostels, albergues e refúgios.
Gosto especialemente do desafio de a partir de poucos ingredientes e da minha “cozinha mágica” ter que preparar algo fácil mas ao mesmo tempo que quem o coma diga “Uau! De onde é que isto saiu?!”. Ainda me falta aprender muito para chegar a ser suplente para o “Na roça com os tachos” mas concordo perfeitamente com a frase que o grande chefe João Carlos Silva tanto dizia nesse programa: “Há que fazer o amor com a comida!”.
Bem, já sei que me desviei um bocado da conversa principal mas foi por uma boa causa!
Ora, onde é que eu ia...os finais de dia no parque de campismo.
Depois de momentos tão tranquilos de convívio e partilha, unidos por um caminho ou momento em comum, pouco importa se temos que jantar de casaco e de gorro, que o processo de cozinhar leve 3 ou 4 vezes mais tempo que o “normal”, que estejamos sentados num banco de madeira ou que tenhamos que fazer turnos para comer a sopa porque não há copos suficientes. Em boa companhia, com vontade, com alguns “posinhos mágicos” e muito amor, o que se pode cozinhar nestes momentos supera qualquer restaurante ou banquete.

Saludos y Besos

Sem comentários:

Enviar um comentário